Transtornos

Profissionais reclamam da demora na espera para internar pacientes no Hospital Espírita de Pelotas

Equipes se deslocam de outras cidades para o encaminhamento da internação; de acordo com relatos, a demora nos trâmites já chegou a até sete horas

Foto: Divulgação - DP - Acolhimento se tornou motivo de reclamação da equipe

Referência para 22 municípios da região sul, o Hospital Espírita de Pelotas recebe regularmente pacientes de outras cidades que necessitam de tratamento psiquiátrico e não têm acesso em suas cidades de residência. Entretanto, o acolhimento se tornou motivo de reclamação de uma equipe de profissionais que encaminham os internados devido a demora no atendimento. De acordo, com técnicos de enfermagem e uma assistente social de um Centro de Assistência Psicossocial (Caps), de uma cidade vizinha, houveram episódios e mais de sete horas de espera.

Para a transferência de um paciente ao hospital é solicitado ao Gerint, sistema de gerenciamento de internações hospitalares do Estado, um leito. Após a liberação de uma vaga, a internação está assegurada. Já na instituição, a pessoa precisa passar por avaliações médicas antes de ser internada, etapa que tem sido motivo de insatisfação dos profissionais. "A minha colega saiu daqui às 13h e retornou meia-noite. Graças a Deus a paciente estava tranquila, porque já saiu daqui medicada, mas a gente sai com pacientes em surto daqui", conta a assistente social que preferiu não ser identificada.

A profissional conta ainda que as horas de espera na recepção do hospital também impactam o atendimento de saúde do próprio município em que o Caps é situado, já que a ambulância que transporta o paciente fica aguardando em Pelotas para retornar com a equipe. "[Vamos] com uma ambulância do Município, que são poucas, e o veículo tem que ficar lá aguardando". A assistente social diz que devido a frequência dos episódios de demora foi efetuada uma reclamação à ouvidoria do Espírita. "A gente não sabe mais o que fazer e eu garanto que não é só a nossa cidade que enfrenta isso".

Conforme a mulher, a transferência ocorreu em fevereiro, mas a situação teria ocorrido mais de uma vez e com vários membros da equipe. "Tem uma placa lá: 'atendimento humanizado', mas para quem? Eu acho que é um desrespeito com o paciente e com a equipe", conclui.

Técnico de enfermagem, outro profissional de Caps que acompanha o encaminhamento dos pacientes ao hospital relata o mesmo cenário descrito pela assistente social. "Eu te digo uma para não dizer várias vezes, fui levar um paciente esquizofrênico, sai daqui era em torno de 13h e retornei 3h da manhã". O homem reclama da demora para a conclusão das etapas de avaliação e cadastro dos pacientes, de acordo com ele, a partir da entrada na instituição até a liberação do quarto demoraria cerca de seis horas em média. "A gente está com um paciente que não tem capacidade para ficar numa espera, ele fica vendo chegar outras pessoas, e como já conhecemos os sinais dos pacientes ficamos apreensivos", conta.

Da última vez, o processo se tornou ainda mais demorado, pois na avaliação médica constataram tosse no paciente, solicitando a avaliação do mesmo no Pronto Socorro para descartar tuberculose. "Toda a vez que a gente tem que levar alguém, a gente já sabe o que vai passar. Não sei se é todo mundo que reclama, mas isso é desumano para o paciente que está em sofrimento", diz.

Complexidade do atendimento e intercorrências

O administrador do Hospital Espírita, Tiago Martinato, diz que a média de espera que a instituição tem registrada é de duas a três horas. Além disso, ele explica que a avaliação psiquiátrica dura entre 45 minutos e 1h. Fora outros atendimentos como o da recepção, entrevista com a famílias, revista, entre outros e que em casos excepcionais esse tempo eventualmente é excedido em função da complexidade do caso. "O plantão também atende intercorrências internas, sempre avaliando a gravidade dos casos para definir a preferência do atendimento. Logo se tiver um paciente na urgência esperando, mas o atendimento interno for mais grave, esse será atendido primeiro", diz. Mesmo assim, Martinato destaca que não há registros de espera de até sete horas.

(Os nomes dos profissionais e da cidade em que trabalham não foram identificados por pedido dos mesmos.)

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